EMOÇÃO E TRADIÇÃO MOVIMENTA ATIVIDADE ANCESTRAL EM BOMBINHAS

As tendas armadas na praia abrigavam uma comunidade reverente, na frente uma pequena canoa de um pau só de dois remos, com menos de seis metros de cumprimento, estreante na competição, a “Santa Fé”, servia de altar para o ofertório vivo: réplica de canioa, tarrafa, peixe, frutos da terra, o vinho e o pão, solenemente, levados pelos pescadores, esposas e filhos e a bandeira de Bombinhas conduzida pelas mãos da prefeita Paulinha, Ana Paula da Silva, e do vice-prefeito Paulinho, Paulo Henrique Dalago Müller, na missa de Ação de Graças pelo 25º aniversário de Bombinhas. Os personagens que dariam corpo a um dia inteiro de emoção, presentes na areia, prostrados em agradecimento pela cidade e pelos cercos propiciados pela imensidão do mar que banha a península, pela fartura de tainha no ano de 2016, pelos pescadores ceifados, tão precocemente, da convivência da camaradagem e um pedido especial para que o ano de 2017 seja abundante.

Em seguida a celebração o 17º Festival de Embarcação a Remo e 12º Festival Estadual de Canoa a Remo iniciou, com a participação de oito canoas de dois remos na categoria masculina, três canoas na categoria dois remos feminina, nove canoas na categoria quatro remos, totalizando 17 canoas participantes neste ano, nove caiaques e cinco duplas no caíco.

A disputa trouxe canoas de Florianópolis e Garopaba, que somaram as bombinenses, num espetáculo de cor, força, destreza, experiência, suor e alegria. O mar não tão manso como é a característica da Praia de Bombinhas, mas ainda assim, ostentou uma vez mais mais a tradição local, com toda a pompa que as canoas merecem.

Na categoria dois remos masculina a campeã, pelo quarto ano consecutivo, foi a “Nativa”, com o patrão Gilmar, e os remeiros Teté e Jackson, a canoa “Nossa Senhora Aparecida” com a equipe Kenko (patrão), Raul e Nenê nos remos, foi a segunda colocada e ficou com a terceira colocação a canoa “Bela Vista” com o patrão Moisés e os remeiros Renato e Gili.

No feminino a vitória ficou com a canoa “Bela Vista” tendo como patroa Telminha e as remeiras Grazi e Carol, a segunda colocada foi a estreante Santa Fé que levou uma equipe experiente: a patroa ketlyn e as consagradas irmãs Serpas, Mari e Ale nos remos. E em terceiro lugar ficou a Afrodite com a patroa Taize, estreante no remo, e as remeiras Renata e Izabele, a segunda também pela primeira vez numa canoa de um pau só. No caiaque Deivid levou outra vez o título, e no caíco a primeira colocação ficou com o remador solitário Claudinho, e a segunda colocação com a dupla Marcinho eLuiz Henrique. Em terceiro lugar ficaram com os primos Antônio Jacob Cruz Neto e Robson Antônio Cruz, de apenas 14 anos, e talvez os mais jovens camaradas da pesca artesanal da tainha em solo bombinense, no porto do Retiro dos Padres.

Na competição de quatro remos uma canoa que chamou muito a atenção este ano foi “Maria José”, de propriedade de Zequinha Olímpio, que competiu com uma equipe de Florianópolis formada pela tripulação: patrão Basílio e os remeiros Juninho, Sebastião, Domingos e Adécio. Além da beleza extraordinária da canoa e de sua estreia em águas bombinenses, a atenção se deve ao fato de ser a maior canoa da região, com 11 metros de cumprimento. “A gente veio de Floripa e não trouxe canoa, aí o Olímpio ofereceu a canoa que foi a sensação da festa. Ficamos muito felizes em participar”, comenta Adécio da Silva, da praia do Santinho.

A “Gislaine”, de Garopaba, com a equipe Sérgio (patrão) e os remeiros Lucas, Robson, Jaison e Luiz levam o título para a Praia do Siriú, e Garopaba também leva a segunda colocação com a canoa Camponesa III, tendo a frente o patrão Lúcio e os remeiros Manoel, Beato, Jaime e Eduardo. A terceira colocação ficou com a canoa “Três irmãs”, do Retiro dos Padres, formada pelo patrão Giba e os remeiros Rafael, Gabriel, Toninho e Igor, esta canoa perdeu no decorrer de um ano o proprietário Vavá e o patrão Andrino e os guerreiros do Retiro fizeram questão de homenagear os camaradas que os aplaudiram de lá do céu. Emcocionada a esposa Selma garantiu a continuidade do legado: “Hoje foi uma emoção e ao mesmo tempo triste porque o Vavá não está aqui, mas a gente sente a presença forte. Enquanto eu estiver aqui, e acredito enquanto os filhos estiverema aqui, vamos continuar”.

Outro momento muito emocionante do festejo foi a homenagem feita a todos os pescadores, quer sejam de tainha ou não, que Bombinhas perdeu neste último ano, com um minuto de silêncio, respeitosamente feito por todos os presentes. Além de Váva e Andrino, ganharam a eternidade: Célio do Zimbros, Maneca do seu Guega, Renato Pinheiro e Jandr do seu Veroni.

A prefeita Paulinha ressaltou sua alegria de mais um Festival de Embarcação a Remo, abrilhantando o aniversário de Bombinhas. “É uma satisfação muito grande ter a nossa comunidade, a população em geral e visitantes na praia festejando a nossa linda cidade, com um acontecimento que celebra nossa tradição”, destaca Paulinha.

O festival é realizado pela Prefeitura de Bombinhas, através da Fundação Municipal de Cultura – FMC, com apoio das demais secretarias. Nívea Maria da Silva Bücker, presidente da FMC, destaca que o principal objetivo da corrida é a confraternização entre todos os pescadores. “O principal intuito da corrida de embarcação a remo não é a colocação, saber quem são os campeões, é ver a confraternização, essa união entre os nossos pescadores de todos os portos de tainha de Bombinhas com os portos de Florianópolis e Garopaba”, Nívea ainda ressalta, que a Fundação espera aumentar os número de cidades participantes no próximo ano.

Após a premiação todos os caminhos levaram ao restaurante Olímpio, na Praia de Bombas, e a Domingueira correu solta até ás 21 horas.