BALANÇO DA OPERAÇÃO LÍNGUA NEGRA

O município de Bombinhas, apesar da sua exuberância natural, possui um passivo ambiental que se arrasta há décadas, problemas graves que precisavam ser enfrentados e resolvidos. Esse é o princípio que dá sentido à Operação Língua Negra: apagar para sempre as marcas de poluição que afetam o nosso paraíso.

A coragem para abordar, lacrar, multar e autuar infratores ambientais que jogam esgoto na praia, rios e na natureza em geral foi uma atitude genuína da Administração Pública para romper esse ciclo de poluição.

Trilhando esse novo caminho, a equipe da Operação Língua Negra vem realizando um trabalho notável, de uma relevância sem precedentes para o Município, despertando e sensibilizando a sociedade bombinense a olhar para si mesma no que se refere a cuidados com o meio ambiente.

A Operação levou o Poder Público a agir com rigidez e responsabilidade pela primeira vez em relação ao lançamento de esgotos irregulares na nossa natureza.

Deflagrada em 02 de janeiro de 2014, a Operação Língua Negra iniciou sua segunda temporada no dia 22 de dezembro último, até o fim de janeiro de 2015, haviam sido realizadas 60 vistorias, 38 lacres, 16 multas, 18 autos de intimação expedidos e, infelizmente, identificados 9 crimes ambientais.

Através de dados tão significativos e em comparação com a temporada passada, a Operação galgou mais um degrau em seu amadurecimento. Isso porque melhoramos significativamente os procedimentos de acompanhamento das ações de fiscalização, com a tomada de medidas administrativas e legais, mas sempre com o cuidado de não expor cidadãos. Ao desnudar o problema do esgoto com respeito e discrição e coerência, permitimos que os infratores tivessem a oportunidade de se conscientizar do dano que estão causando, e muitos vêm se tornando parceiros do meio ambiente.

Com o objetivo de limpar os rios através de ações de fiscalização direta, lacrando as tubulações e as ligações irregulares de esgoto, ou ligações clandestinas conectadas diretamente à rede pluvial (conhecidas como boca de lobo), a operação tem como foco evitar que o destino final de toda essa contaminação alcance o mar. Já é possível perceber a olhos nus a mudança no odor e na cor no Rio Bombinhas e no Rio da Barra. E a limpeza do Rio José Estevão, monitorado recentemente em toda a sua extensão, até o ponto do encontro de rios, já mostra seus efeitos positivos.

Mesmo com todo o despejo de esgoto que Bombinhas já sofreu, em alguns pontos os danos causados ainda não foram irreversíveis para o meio ambiente. Isso graças ao período de inverno que dá uma brecha para a natureza respirar. Mas não podemos mais contar com isso, considerando que o único trecho de rede de esgoto que possuímos está defasado por demais, e já não suporta a demanda crescente da nossa população.

Uma cidade com vocação turística como a nossa, que tem como principal fonte de renda o turismo por sua beleza natural, não pode mais ignorar ou tolerar atitudes dessa amplitude.

A longo prazo, precisamos partir da fiscalização e punição para a educação ambiental, num processo de conscientização coletiva mais agressivo, mas para isso os resultados imediatos têm que estancar o sangramento das nossas feridas, expostas há tanto tempo.

É por isso que para proteger o município as ações precisam ser integradas, a fim de que o impacto seja verdadeiramente significativo. E nesse item a Prefeitura está bem avançada. Com o amparo da TPA o Município alcançará proporções de proeminência nas questões ambientais, já que adquire condições de manter ações diretas de limpeza e conservação da cidade. Somando-se a ela, a retomada das obras de implantação da nova rede de esgoto, que começam pela Avenida Leopoldo Zarling, a desativação da ineficiente estação de tratamento do bairro José Amândio, os investimentos planejados para o abastecimento de água, e a Operação Língua Negra, que segue a sua luta enquanto for necessário. Com essas ações, o esgoto maltratando a nossa natureza será parte do passado de Bombinhas.

A Operação Língua negra transformou para sempre o coração de todas as pessoas que estão envolvidas nessa função. De certa forma esses homens e mulheres assumem o papel de nossos heróis contemporâneos, e por isso merecem o nosso reconhecimento.