1º LERÉU D’ANGOLA CELEBRA E DISCUTE A CULTURA POPULAR

Foi realizado no último final de semana, 15 e 16 de setembro, o 1ª Leréu D’ Angola de Bombinhas contemplando atividades em vários espaços, como oficina de capoeira no Cei Cantinho da Felicidade em Bombas, local onde o organizador professor de capoeira Marquinho – Marcos Aurino Pinheiro, ministra suas aulas gratuitamente à comunidade, samba de roda no Mestre das Águas e roda de conversa e oficina no Ponto de Memória Museu Comunitário Engenho do Sertão.

As atividades contaram com a presença do Mestre Plínio Ferreira de São Paulo, que veio compartilhar seus saberes com o público local e cidades vizinhas. E foi justamente o domingo com a roda de conversa, que o acontecimento teve se ponto máximo com além do Mestre Plínio e do Marquinho, a participação do José Lino Pereira o Mestre Careca, de Itajaí, dos Mestres bombinenses Rosa Melo, Darci Gabriel, Paulinho Gabriel e Lilo – Flávio José da Silva, e os músicos Carlinhos Ribeiro e André Gomes de Miranda (futuros mestres quem sabe), a mediação foi de Aline Vieira.

Mestre Plínio falou da beleza explícita em parar, respeitar o tempo, a cultura e poder viver a troca de experiências que o 1º Leréu D ‘Agola ofereceu: “a gente precisa de saúde mental, espiritual e física. O mundo que a gente vive é tudo tão imediato, tudo tão rápido, e estar aqui é um momento de crescimento pessoal e pra nossa escola também. Então só tenho a agradecer”. O músico André Gomes de Miranda, bisneto do gaiteiro cantador João Basta, resumiu o sentimento de todos os presentes: “em momentos assim que a gente entende porque uma pessoa é chamada de Mestre, porquê ela te coloca em conexão com o que realmente importa nessa vida”.

O Leréu é uma manifestação que se assemelha a toada do Boi de Pau (Boi de Mamão) mas que traz pra si uma rufada no tambor bem característica desse folguedo, onde além dos versos de improviso e a cantoria, tem nos pés, num sapeado próprio, uma forte marca. Os Mestres bombinenses citados viveram essa manifestação, inclusive estão prontos para reiniciar essas andanças e, generosamente, repassaram ao público presente seus conhecimentos. O debate também abordou a herança cultural africana, inclusive a capoeira e o Leréu são dois exemplos, o Boi de Pau e o Terno de Reis, a colonização e seus mitos em torno da açorianidade e a cultura popular como um todo.

A conversa terminou com a cantoria de Rosa e Darci relembrando os cantos que sua mãe, dona Maria, entoava, e um samba de roda especialmente feito para quele momento por Mestre Plínio.

Logo após a roda de conversa foi servido um café tradicional e em seguida Mestre Plínio ministrou sua oficina de samba de roda.